quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Artista holandês compara São Paulo a macaco gordo


Para Florentijn Hofman, intervenção urbana representa a flexibilidade dos paulistanos

Em sua segunda visita à cidade de São Paulo, o artista plástico holandês Florentijn Hofman, conhecido por suas intervenções urbanas ao redor do mundo, descreveu a capital como "uma fera que ruge, impossível de ser domada". Em entrevista, ele disse que a movimentação da cidade, a grande oferta de coisas para se fazer e a falta de tempo da população o inspiraram em sua última obra: oMacaco Gordo.

Quem passou pelo parque Mário Covas, na avenida Paulista, no final de semana dos dias 16 e 17 de outubro, se deparou com um enorme macaco deitado na grama. A posição do animal e a mistura de cores alegres davam o tom divertido do projeto. A arte foi feita a partir de um boneco inflável e milhares de chinelos, cuja marca patrocinou a visita do artista no país.

De acordo com Hofman, o macaco não é apenas uma forma de divertir os moradores de São Paulo. A ideia, segundo ele, é proporcionar uma reflexão sobre a flexibilidade que a população precisa ter para viver em uma grande cidade, como a capital paulista. O artista diz que a capacidade de mudar é requisito fundamental para quem vive em São Paulo.

O holandês defende que, atualmente, a arte urbana tem o papel de interagir com as pessoas. Leia a seguir a entrevista com o artista:

Qual é a sua impressão sobre a cidade de São Paulo?
Hofman -
Foi ótimo estar aqui novamente! A cidade ruge como uma fera, uma fera que você não pode domar. Tantas pessoas, tantas coisas para ser feitas e tão pouco tempo.

Como você encara a arte urbana?
Hofman -
Relaciono arte urbana às pessoas. Trabalho com esculturas em grandes formatos, que em um primeiro momento são fáceis de entender. Entretanto, depois, você percebe que [a obra] tem muitas camadas, materiais comuns transformados em grandes trabalhos.

Qual foi sua intenção ao criar a intervenção urbana em São Paulo?
Hofman -
Eu queria dar um aviso sobre o perigo das "feras", usando sandálias brasileiras como pele. Também foi um teste para ver se eu poderia trabalhar com uma estrutura inflável, coberta com uma pele feita de sandálias.

Como você acha que essa obra dialogou com a cidade?
Hofman -
O macaco refere-se à flexibilidade que você precisa ter na vida urbana: mudar, subir, pular, cair, pegar... Essas são as habilidades que você precisa ter em uma cidade como São Paulo, ou melhor, em todo o Brasil e no mundo. O macaco é o palhaço dos animais e, dessa forma, esse piadista fica no parque... Ele está relaxado depois de cair. Com essas questões, gosto de provocar o público.

Qual é a transformação que a arte urbana provoca atualmente?
Hofman -
Eu só posso falar por mim. Eu acho que é e sempre será o contato com os habitantes. As conexões sociais fazem as pessoas orgulhosas de suas cidades.

Julia Carolina, estagiária do R7

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